Tiquetaqueando

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012 - Postado por Luiza Drumond às 12:40




Aquela impressão nunca durou tanto, aquele movimento de vai e volta nunca foi o compasso perfeito para a aflição, tiquetaqueando no ritmo até o fim. Aquela impressão preta e branca impressa em toda folha esmagada e escrita não tinha fim, nem história e nem essência. A ausência de cor era bonita, triste e inspiradora, como um vento num dia ensolarado, um sopro num dente de leão limpando os pulmões e aliviando calmamente os ares. Era apesar de triste, bonita.

Fluindo...

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012 - Postado por Luiza Drumond às 18:27


Que loucura. Hoje enquanto enxugava meu corpo do banho molhado que tomei fiquei pensando enquanto vestia a calcinha e o sutiã como aquilo tudo poderia ter acontecido em um único banho, como eu pude pensar e dizer em voz alta para mim aquele tanto de perguntas com o mesmo começo. Pensei enquanto colocava a camisola se aquela sensação louca de escrever era real ou eu estava alucinando. Pensei um pouco mais enquanto tirava a camisola e sentava na cama somente de roupas íntimas para pensar na possibilidade de tudo aquilo que pensei e disse em voz alta para mim mesma estar num papel cheio de rabiscos e doideiras. Enquanto pensava, chovia lá fora, estranhei e recoloquei a camisola, os pingos não pararam e uma descoberta me veio à cabeça. “Será a chuva ou chuveiro?” Aquela dúvida me corroia por dentro enquanto penteava meus cabelos molhados e o enrolava na minha toalha verde. “Será que depois de tantos meses de bloqueio meu poder voltara?” E outra dúvida surgiu... Enquanto estava no banho, fiz cenas, encenei perfeitamente um quarto de humor com entonações que no momento estava em perfeito tom com as minhas perguntas monótonas que realmente pareciam-me entreter e me fazer cada vez mais perguntona e indiferente. Tinha algo ali, eu tinha certeza, não era possível alguém se auto-perguntar e achar humor naquilo tudo não podia parecer normal, eu realmente sabia, sabia tanto que me peguei fechando os olhos e deixando a água entrar pelos ouvidos, acordei, senti a água descer pela garganta e me sufocar um pouquinho, tentei fugir e esfreguei as mão aos olhos com bastante força, senti o rosto arder e um gosto na garganta, era sede, era sede de saber e entender aquele momento duvidoso, e a água corria, as mãos já enrugadas e os olhos ardendo e vinha vindo, novas perguntas e novos quatros dramáticos, românticos e assustadores... Imaginei-me com um papel ali mesmo, escrevendo enquanto a água escorria pelo meu corpo enquanto eu escrevia contos, histórias, prosas e poesias. Senti outra sensação estranha, eu estava cantando com meu corpo, mente e alma, eu estava realmente cantando um samba daqueles bem canarvalescos, será?! Fechei os olhos e novamente estava eu ali, fechando os olhinhos e deixando meu ouvido tampar com o volume excessivo de água, e lá fora, chovia, parecia até música, o barulho do chuveiro se uniu a chuva, foi uma sensação gostosa, um momento sem pensar. Eu pensei em escrever na pele, no coração, na mente e na alma aquele momento, pensei que em ser e estar, pensei em procurar alguma comparação para essas palavras, para essa metamorfose que parecia mais uma frase famosa, sem sentido e escrita por escrever... Quando estava para concluir o pensamento, falhei na memória e senti uma vontade imensa de respirar. Eu me sentia quase um peixe literalmente dentro d’água, mas me senti tão humana que pude sentir a necessidade de me agasalhar... “Peixes não sentem frio.” Pensei e fiz careta, engrossei a voz dentro da mente, fiz caras e bocas e falei com uma senhora a quem me assistia, achei aquilo tudo muito estranho e resolvi acabar com aquilo tudo, pude uma vez na vida acabar com tudo que parecia me perturbar, parecia magia, algo surreal e extremamente incrível, eu pude me desligar por total, mas uma inquietação veio vindo e outras necessidades também, eu não queria rimar, não queria fazer jogos de palavras ou rabiscar uma página de algum livro para poder achar respostas em palavras escritos por alguém, eu me senti num barco, remando, deixando tudo para traz, fluindo e remando, respirando e fluindo....

0221

Postado por Luiza Drumond às 11:47

Há de ter alguma coisa além da vida, um paraíso, algo inexplicável e belo. Ligeiro, vasto e irreal. Não sei. A vida careteia, sorri, estende a mão e nos espanca. Nos tira do ilusório e nos põe novamente de pés no chão. É como um jogo, devagarzinho nos mostrando como se faz, o que é certo e errado. Como na corda bamba, perigosa e firme, meu caro, eu hei de ter na vida tudo que desejar. Não há um padrão para se seguir, nem coreografia para se dançar, não há a quem seguir, flutue, deixe a maré lhe levar. Tire os pés do chão, coloque as mãos juntos ao coração e deixe fluir...



Desejo para 2012, desejo deixar as coisas fluírem de acordo com a maré, no meu barquinho, sem deixar as coisas se dilacerarem ou me perder... Escreva-o  bem.